21.1.13

A vida da Carol na Argentina



            No final de 2011, a Carolina Araújo, de São Luís de Montes Belos, ganhou uma bolsa de intercâmbio oferecida pelo AFS Intercultura Brasil para passar um ano estudando na Argentina. Ela concorreu com alunos de Goiás, Distrito Federal, Tocantins e Mato Grosso (estados membros da Região COE – Centro-Oeste) e embarcou no começo do ano para Santiago del Estero, cidade no norte argentino. A Carol retornou ao Brasil na semana passada e fez um relato de sua experiência poucos dias antes de voltar. Confira:

 Carol

“Lembro como se fosse ontem do dia em que a diretora da minha escola chegou dizendo que eu era uma dos quatros finalistas para concorrer à bolsa de intercâmbio para a Argentina. Foi uma surpresa, uma grande surpresa, pois eu nunca havia pensado em fazer isso; nunca havia pensado que iria passar na prova, fiz por fazer. Mas talvez seja o meu destino. Fiz a avaliação final, que foi uma entrevista por telefone com o AFS do Rio de Janeiro. Não lembro muito, só lembro que meu irmão ficava fazendo gracinhas e me desconcentrando. Lembro-me também da última pergunta, que foi: "Sabendo que são quatro concorrentes e só um vai ganhar, por que eu escolheria você?".
Uma semana depois, eu acho, em uma sexta-feira, me ligaram e me deram a noticia que sim, eu!, eu era a ganhadora da bolsa de intercâmbio! Que sim, eu!, eu iria viver um ano na Argentina! Só lembro que passei o telefone para minha mamãe e ela entrou em desespero de tanto chorar. Mas, bem, esse foi só o começo, e foi difícil até eu ou meus pais aceitarem, permitirem isso, porque afinal foi uma surpresa, e eu tampouco tinha certeza que era isso mesmo que eu queria para minha vida. Ficar um ano longe e sem ver a família, os amigos, em um país totalmente desconhecido, não sabendo falar, não entendendo nada, morar com outra família, pessoas que você nunca viu na vida, com outros costumes, tendo que fazer uma nova vida.
Mas, eu creio que, se Deus me fez passar por isso não foi por acaso, era porque era para eu vir mesmo. Meus pais me disseram que, se era o que eu queria e se fosse realmente bom para mim, eu podia! Passou o ano, passaram os seis meses, tinha a viagem marcada para 23 de fevereiro, mas era como um sonho. Não acreditava, não tinha nada preparado, meu visto tampouco tinha ficado pronto, tinham até me mandado uma mensagem avisando que adiariam minha viagem. Mas, se for para algo dar certo, dará, não importa; no final, tudo dá certo. Viajaria em uma quinta-feira e uma semana antes, na sexta, o meu visto ficou pronto e, bem, foi uma correria na última hora.
No último dia no Brasil eu não podia parar de chorar, não conseguia me despedir de todos, não queria despedida nem nada, porque afinal, era um "Tchau" e no outro ano estaria de volta, mas era um "Tchau" muito doloroso. Nunca esquecerei a cena de quando eu estava na janela do avião vendo minha mamãe com meu pai e meu irmão e sua toalhinha, chorando. Hoje, lembrando-me desse dia, não sei como tive tanta coragem e força para fazer isso. Foi Deus. 

Voluntários e intercambistas do AFS Argentina

Ao chegar à Argentina, na minha cidade, na minha nova família, não entendia nada e só sabia falar "Gracias" e "Buenas Noches". Foi muito estranho. O começo foi um pouco complicado, até eu me acostumar, porque quando eu pensava em Brasil e Argentina, achava que era a mesma coisa, mas não, não, há muitas diferenças. No princípio, sentia muitas saudades, me sentia sozinha, sem ninguém em quem confiar. Na escola tinha que fazer novas amigas, não tinha ideia do que iria me passar.
Tive que mudar de família, graças a Deus para uma bem melhor. Tive problemas no pé, fiquei mais de um mês andando de muleta. Eu diria que os quatro primeiros meses foram os piores da minha vida. Aprendi, cresci, cresci com os problemas, aprendi com a distância. Mas fui forte, tive que crer em mim, aguentei firme, porque sabia que não estava aqui por acaso, muitas pessoas acreditavam em mim, e me pus a imaginar quantos e quantos gostariam de estar no meu lugar. Mas não era nada demais, era apenas una etapa do intercâmbio, depois já estava acostumada com tudo, já gostava de tudo, da família, da escola, das amigas, de tudo, da Argentina...
De verdade? Tudo foi como um sonho, foi perfeito, e tampouco posso acreditar que tudo isso me passou. Minha família, meus pais argentinos, minhas irmãs, minhas amigas, a cidade. Enfim, foi um sonho inesquecível, uma experiência excelente, melhor seria impossível. Sei que nem mil palavras, ou milhares de fotos, contariam os momentos que vivi aqui. Tudo isso ficará guardado para sempre em meu coração, e agora posso dizer que tenho um segundo coração Argentino. Só quem viveu para sentir.
Gostaria de agradecer do fundo do meu coração a todas as pessoas que acreditaram em mim, a todas que me deram força para estar aqui e que muitas vezes, mesmo longe, foram meu escudo. Obrigada mamãe, papai. Obrigada minha FAMÍLIAAA, minhas amigas, a todos! Eu sei que não tive muito contato esse ano com vocês, mas eu tenho certeza que estavam torcendo por mim aqui e eu aí com você. É como o vento: eu não vejo, mas eu sinto o amor de vocês.
Obrigada ao AFS BRASIL, a todos do AFS. É simplesmente impossível agradecer tudo o que fizeram por mim, pela chance que me deram de estar aqui. OBRIGADA, OBRIGADA por me fazerem viver um sonho. E principalmente a Deus, porque sem ele nada seria realizado. Hoje posso dizer com toda a certeza: "DEUS É FIEL". Às vezes achamos que demora, mas não, tudo ocorre no tempo certo. Desculpa, mais não há como agradecer, serei eternamente grata a vocês.
E hoje aqui estou, depois de um ano, no final do intercâmbio, já já voltando para casa. Mais uma vez em um momento difícil, a despedida, mas agora é diferentem, é um ADEUS. Se eu vou sentir saudades de aqui? Sim, muitaaaaaaaaaaaaaas! Vou sentir muita falta daqui, de tudo. Algum dia sei que vou voltar e quero trazer todos. Mas eu sei e sinto, já é hora de voltar ao melhor lugar do mundo, minha casa - Brasil.
E bem, tudo tem o seu tempo, o melhor ainda está por vir e apenas posso dizer: OBRIGADA por tudo!”


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